Na medida em que você pesquisa em sites e materiais publicados sobre treinamento cerebral, muitas vezes você vai vê-lo sendo chamado de “harmonização cerebral”, “balanceamento do cérebro” ou até mesmo de “reconexão de circuitos”. Essas analogias são muito atraentes da perspectiva do marketing, mas não são muito precisas.
Reconexão de circuitos
Fala-se sobre “reconexão de circuitos” pois o cérebro é “conectado”, no sentido de que trilhões de conexões e redes existem entre seus grupos de neurônios, e quanto mais vezes elas são usadas, mais fortes se tornam. Quanto menor a frequência de uso, o mais provável é que elas sejam deixadas de lado.
Mas o que faz com que esta “reconexão de circuitos” possa acontecer? É o processo de aprendizagem. Toda vez que você aprende uma nova palavra, uma nova habilidade ou escuta uma música pela primeira vez, seu cérebro conecta redes de neurônios relacionadas com essa experiência.
Mesmo se pudéssemos de alguma forma extrair os minúsculos sinais relacionados com essa conexão para fora das milhões de outras que acontecem ao mesmo tempo, de que valeria isso? Sim, de fato nós podemos reconectar os circuitos do cérebro de uma maneira muito específica, simplesmente ensinando-o coisas novas.
O treinamento cerebral é muito menos específico do que isso.
Neuroplasticidade
A capacidade do cérebro de mudar suas funções, de fazer as coisas de diferentes maneiras ou em lugares distintos, é intrínseca a ele, assim como a gravidade é intrínseca a um planeta. Você não “treina” isso. Você pode usar este mecanismo ajudando-o a se desenvolver, treinando áreas em torno de partes do cérebro que estão danificadas e não funcionam mais, mas isso é uma característica das redes neurais, não é algo que você faz acontecer.
Balanceando o Cérebro
Um cérebro realmente eficaz não é “balanceado” como uma escala. É uma homeostase entre muitas áreas e estruturas diferentes. O hemisfério esquerdo deve ser mais rápido, a parte traseira mais calma do que a frente. Podemos comparar quais quadrantes do cérebro estão mais ativados. Quando essas relações mudam, assim também pode mudar nosso humor e estabilidade emocional. Um time de basquete com 5 atacantes enormes chamaria atenção, mas não seria muito bem sucedido. É a combinação de diferentes habilidades e tê-las trabalhando em conjunto que cria o sucesso na maioria dos empreendimentos. Livrando o cérebro de um único padrão dominante (por exemplo, sempre com padrões de ativação acelerada e em toda parte) permite que ele funcione de forma mais eficaz.
O que podemos medir
Imagine que você está fora de um ginásio onde está acontecendo um jogo de basquete. Você pode dizer quando o jogo está sendo jogado ou quando eles estão no intervalo. Você pode dizer quando um time fez uma cesta, se o ritmo está rápido ou lento, ou até mesmo se o jogo está perto do fim. Você consegue distinguir entre aplausos organizados e o ruído normal de jogo.
Porém, você não sabe quem passou a bola pra quem e em qual time, nem quem fez as cestas ou se foi uma cesta de três pontos ou uma enterrada. Você nem sequer sabe quem é que está jogando: quais são as equipes, os jogadores e o que cada um deles executa bem. Essa informação não está disponível do lado de fora do ginásio.
O que não podemos ver, não podemos treinar bem. Assim, treinamento cerebral se concentra em questões de energia e de comunicação. O quão ativadas estão as diferentes áreas do cérebro e a cada momento? Elas estão presas em um determinado estado de baixa ou alta energia? Onde está a energia, em que momento, o quanto ela está sob controle e o quanto que as diferentes partes do cérebro estão trabalhando juntas?
Cérebros acelerados mostram mais áreas do cérebro se ativando rapidamente – 15 ou 25 vezes por segundo. Nessa velocidade o cérebro tende a produzir palavras e pensamentos organizados. Cérebros lentos disparam apenas 4-8 vezes por segundo, com o foco dentro de si mesmo, pensando através de imagens e funcionando através de flashes intuitivos. Ambos são estados úteis, cada um ideal para tipos específicos de situações. Idealmente seu cérebro deveria poder produzir diferentes estados de energia, mudar para o melhor em diferentes situações e ficando lá enquanto for necessário.
Mas quando um cérebro é rápido porque é muito agitado ou irritado – como um traço de personalidade e não apenas por um estado temporário – ele desperdiça energia, produz ansiedade, estresse, raiva e medo. Talvez ele fique rígido ou controlador. Quando um cérebro está fora de forma – de modo que ele não possa sustentar estados de energia mais altos – o resultado é desatenção, falta de motivação, tristeza e baixa de energia, além de apresentar dificuldade com tarefas baseadas na linguagem.
Podemos medir o quão bem diferentes áreas do cérebro são capazes de operar de forma independente enquanto estão trabalhando, quão bem elas podem descansar entre as tarefas e o quão bem elas podem compartilhar informações e funções durante tarefas complexas.
O que podemos treinar
Nossa informação é sobre padrões de energia, e nós podemos treina-los porque podemos medi-los. O cérebro, como qualquer sistema caótico complexo, tende a desenvolver “hábitos” – padrões energéticos que afetam nosso humor, aprendizagem, desempenho, etc. – padrões que são estabelecidos ao longo de muitos anos.
O treinamento pode conduzir o cérebro em direção a novos padrões – apoiá-los enquanto eles se estabilizam – iniciar uma nova trilha cerebral – com um cérebro energético que é rápido e eficiente em sua ativação – um cérebro que saiba funcionar em ponto morto por longos períodos, fazendo tarefas de rotina e até mesmo funcionando em estados de alta performance – um cérebro que tenha acesso aos seus sentimentos e memórias – um sistema estável que está geralmente positivo e consciente de si mesmo, bem como do mundo exterior.
O que procuramos são padrões de ativação estáveis, ver como eles se relacionam com as coisas que o cliente quer ser capaz de fazer mais rápido, melhor e mais facilmente, então treina-lo para poder transitar através de diferentes padrões ao mesmo tempo. Mude seu próprio cérebro. Faça a sua vida se tornar realidade, evitando um desfecho frustrante.