“Tudo se parte, o centro não sustenta (…)
Os melhores sem convicções,
Os piores com as fortes paixões.
–William ButlerYeats, 1919
O que Está Faltando
Durante a maior parte do tempo em que tenho treinado cérebros, tenho tentando entender o que diferencia pessoas felizes e mais satisfeitas em qualquer classe social, em qualquer idade.
Por muitos anos, tenho certeza de que no final das contas isso vem do centro da pessoa.
Cada um de nós tem um lugar de quietude dentro de si – um centro do que e quem somos. Ele se desenvolve à medida que nós crescemos e pode tornar-se um lugar estável em nós. Não depende de mais nada. Lá nós sentimos a conexão entre as coisas de fora e nós mesmos. Lá conhecemos o melhor de nós mesmos.
Em anos recentes notei como muitas pessoas vieram até a mim para treinamento – ou somente pessoas que eu conheci, já conhecia e amava – que nem mesmo sabiam ter um centro.
Elas são o que fazem, quem conhecem, quantos “amigos” elas “conhecem” somente online e quanto dinheiro possuem. Elas têm que estar ligadas, enviando mensagens de texto, ouvindo música, assistindo vídeos na internet, fazendo várias tarefas ao mesmo tempo, julgando e constantemente sendo julgadas. Suas mentes fogem do controle. Dez minutos quietas, sozinhas, de olhos fechados é uma tortura. São estressadas, ansiosas e esgotadas. Precisam de remédio para dormir. Não sabem como parar. Tem medo de parar, de perder alguma coisa. Como resultado, elas perdem tudo.
Experiência de Fluxo
Nós sabemos, talvez por experiência própria, certamente no que lemos, que existe um estado chamado de Experiência de Fluxo. Momentos ocorrem, para muitos de nós presumivelmente e duvidosamente quando operamos em nosso nível mais alto. Não pensamos, não tentamos, não julgamos. Estamos neste momento e neste lugar vendo tudo de uma vez só e funcionamos, brevemente, num nível acima do que consideramos possível. Existem padrões de ativação do cérebro que são consistentes com os Estados de Fluxo e podemos aprender a entrar e sair deles ou mantê-los. Múltiplos estudos identificaram um padrão cerebral consistente em meditadores orientais. Outros encontraram que pilotos de alta performance pilotavam seus aviões no mesmo estado. Os melhores profissionais com trabalhos críticos com imenso potencial para estresse tinham cérebro de meditador. Os melhores atletas ou artistas podem estar no mesmo estado quando estão atuando: presente, quieto, consciente, pronto. Da mesma forma nós também podemos.
Estar no Estado de Fluxo significa operar do seu centro – daquela parte de nós que não tem nada a provar: capaz de fazer o que precisa ser feito; capaz de esperar até o momento de certo de agir.
Encontrando o Fluxo
O centro é uma “clareira” em algum lugar em cada um de nós. Se nunca vamos lá, ela é encoberta e difícil de ser achada. Mas praticando, talvez com um sistema para guiá-lo, pode ajudá-lo a encontrar ou trilhar o caminho até ela. Quanto mais você volta lá, mais fácil fica para encontrá-la e mais tempo você pode permanecer: ficar quieto sem preocupar-se que perderá algo, sem ficar “entediado”. Quanto mais tempo passar em seu centro, mais forte ele ficará – VOCÊ ficará. Você começa a manusear mais facilmente tarefas rotineiras com menos energia. Você enfrenta situações estressantes sem ficar estressado.
Existe um mercado inteiro no treinamento cerebral chamado “Pico de Performance”. Executivos, investidores, atletas de fim de semana e outros que experimentaram momentos de fluxo querem operar num nível mais elevado. Mas o foco ainda continua sendo no que eles fazem. Eles OPERAM – para trabalhar mais ou atingir uma classificação mais alta ou ter notas melhores. Operar é importante. É uma maneira de manter “pontuação” em nossas vidas. O resultado é mais eficaz quando estamos focados no processo.
Embora o centro embase o pico de performance, primeiramente ele foca no que você é – como você é – quando você não precisa estar atuando. O pico de performance aumenta usando o centro como alicerce. O centro é baseado no conhecimento de si mesmo no sentido de quem você é e como você se encaixa no mundo ao seu redor.
Mapas do Centro
A meditação é uma forma de encontrar o seu centro e ficar confortável nele. A prece pode fazer o mesmo – depois de agradecermos, pedirmos por bênçãos e admitir nossos pecados – quando nos calamos e ouvimos para ver se Deus tem algo a dizer. O espírito não grita – pelo menos não até que a água suba e você não tenha mais para onde ir – ele sussurra. Temos que estar quietos para ouvi-lo.
Não é por acaso que numa cultura materialista, consumista, cheia de adrenalina e levada à dívida, tudo é sobre fazer mais e mais rápido e estar conectado. O cuidado com a saúde torna-se um constante consumo de drogas para que mantenhamos a produção alta, mantenha-nos operando e sentindo-se como esperado pela sociedade. Movimentos como o do “Segredo” incentiva-nos ou encoraja-nos a encontrar nosso centro para atrair uma casa melhor ou um parceiro, para perder peso ou ganhar na loteria. Os chamados hackers do cérebro procuram dietas, suplementos nutritivos e tecnologias para ganhar dos “equipamentos” cerebrais que tem. Tudo segue a mesma linha.
Mas nós iremos falar sobre o seu centro com um foco diferente:
Não vá lá para ENCONTRAR algo. Vá para descobrir o que tem lá. É você.