Na Direção de um Novo Modelo de Treinamento Cerebral

Olhando para uma Nova Direção

Até agora vimos o treinamento cerebral do ponto de vista que informa a maioria das discussões a respeito dele – uma abordagem de patologia baseada em “tratamento de distúrbios” e tornando-nos mais “normais” para que “nos encaixemos” melhor e produzamos mais. Sugeri que este ponto de vista vem do fato de que o “neurofeedback” é vendido em periódicos, pesquisas, livros, artigos populares de revistas e também comercializado em programas de televisão e tentei apontar as falhas mais óbvias nesta abordagem que são ignoradas pela “comunidade científica”.

É importante ser claro aqui que o treinamento cerebral é o que é. Como qualquer coisa real, pode ser visto de muitos ângulos diferentes e nenhum deles está errado e nem certo. Você pode descrever o pôr-do-sol ou um poeta genioso pode descrevê-lo ou uma pessoa a beira da morte, mas nenhuma destas descrições é o pôr-do-sol. A descrição nos fala mais sobre quem a descreve do que o que foi descrito.

Então o que quero fazer neste post, antes de colocarmos a mão na massa de realmente FAZER o treinamento cerebral, é apresentar outro jeito de vê-lo. Nem certo, nem errado, mas esperançosamente mais livre e menos restritivo. Psicólogos e até mesmo doutores usam esta abordagem. Eles veem que funciona e gostam da maneira que os deixa e a seus clientes livres. Espero que muitos de vocês se sintam livres também.

Um Ponto de Vista Alternativo

Consideremos que o treinamento cerebral é um “exercício”. Gosto desta abordagem pois:

  1. É mais integradora. Qualquer um pode se exercitar e nós sabemos os efeitos que isso pode ter quando feito apropriadamente e consistentemente ao longo de um período de tempo. Treinando seu corpo você pode mudar sua força, flexibilidade, resistência e energia – até mesmo aquela parte que chamamos de cérebro.
  2. O exercício coloca o cliente firmemente em controle do que acontece. Ele ou ela é aquele que “faz o trabalho”, o treinador guia, observa e motiva.
  3. O mesmo exercício pode ser usado por fisioterapeutas na reabilitação de um ferimento ou para deixar um indivíduo mais forte e flexível. Dado o equipamento, sistema e suporte, leigos e profissionais podem guiar o cérebro a resultados positivos.
  4. A mesma ressalva se aplica. Se você não tem tempo, organização ou motivação para aprender por si mesmo, inscreva-se em uma academia e trabalhe com um treinador. Você estará mais suscetível a produzir resultado desta maneira. Se sente-se confortável com computadores, motivado e organizado você talvez escolha comprar o equipamento e fazer o exercício por conta em sua casa.

O Modelo do Exercício Realmente se Encaixa?

Olhemos para o que de fato acontece quando treinamos o cérebro.

  1. O HEG mede a oxigenação sanguínea disponível para suprir períodos mais longos de níveis de ativação mais altos nos neurônios pré-frontais. Assim como exercícios aeróbicos estressam o coração e pulmões para direcionar sangue para eles, e depois de um tempo, mudam o sistema de suprimento, o HEG também o faz no centro executivo do cérebro.
  2. As medidas de EEG mostram muitos neurônios em áreas diferentes do cérebro que disparam em velocidades específicas (frequências) e quão bem eles se coordenam. Um cérebro travado em frequências baixas precisa construir um suporte metabólico – novamente como em exercícios aeróbicos. Um cérebro travado em frequências muito rápidas precisa aprender a ficar à toa, descansando quando não há trabalho a ser feito – assim como no Yoga, Tai Chi ou Pilates. Um cérebro incapaz de trabalhar duro ou por muito tempo precisa ganhar força como faríamos na musculação.
  3. As ferramentas do treinamento cerebral nos mostram padrões de energia e relacionamentos. Elas mostram ao cérebro quando está exercitando uma capacidade que precisa ser desenvolvida. A medida que ele se fortalece ou fica mais flexível, mais conectado ou mais capaz de produzir energia, usa estas habilidades todos os dias, então não precisa continuar treinando para sustentá-las.

Feedback do Exercício

Um medidor de freqüência cardíaca ajuda uma pessoa que faz exercício aeróbico a reconhecer quando está na zona de treinamento. Ela acelera ou diminui seus esforços para manter-se na zona alvo. O feedback reflete os impulsos elétricos cerebrais do mesmo modo. Fazendo Pilates, Yoga ou musculação na frente do espelho ajuda a deixar a pessoa mais ciente do que está fazendo e como. O feedback também torna o treinamento mais eficaz.

Por estes motivos, usarei o modelo do exercício e chamarei o processo de treinamento cerebral ao invés de “neurofeedback” ou “neuroterapia”. Seja você um profissional querendo melhores resultados com clientes, um pai desejando ajudar um filho a alcançar o nível de seu potencial ou alguém almejando aprimorar sua habilidade para alcançar estados de consciência de alta performance ou apenas torna-se mais positivo, com mais disposição e maior autocontrole, treinar seu cérebro baseado no entendimento do que ele já está fazendo pode produzir mudanças duradouras significativas que se movem na direção traçada por você.

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