Olhando para uma Nova Direção
Até agora vimos o treinamento cerebral do ponto de vista que informa a maioria das discussões a respeito dele – uma abordagem de patologia baseada em “tratamento de distúrbios” e tornando-nos mais “normais” para que “nos encaixemos” melhor e produzamos mais. Sugeri que este ponto de vista vem do fato de que o “neurofeedback” é vendido em periódicos, pesquisas, livros, artigos populares de revistas e também comercializado em programas de televisão e tentei apontar as falhas mais óbvias nesta abordagem que são ignoradas pela “comunidade científica”.
É importante ser claro aqui que o treinamento cerebral é o que é. Como qualquer coisa real, pode ser visto de muitos ângulos diferentes e nenhum deles está errado e nem certo. Você pode descrever o pôr-do-sol ou um poeta genioso pode descrevê-lo ou uma pessoa a beira da morte, mas nenhuma destas descrições é o pôr-do-sol. A descrição nos fala mais sobre quem a descreve do que o que foi descrito.
Então o que quero fazer neste post, antes de colocarmos a mão na massa de realmente FAZER o treinamento cerebral, é apresentar outro jeito de vê-lo. Nem certo, nem errado, mas esperançosamente mais livre e menos restritivo. Psicólogos e até mesmo doutores usam esta abordagem. Eles veem que funciona e gostam da maneira que os deixa e a seus clientes livres. Espero que muitos de vocês se sintam livres também.
Um Ponto de Vista Alternativo
Consideremos que o treinamento cerebral é um “exercício”. Gosto desta abordagem pois:
- É mais integradora. Qualquer um pode se exercitar e nós sabemos os efeitos que isso pode ter quando feito apropriadamente e consistentemente ao longo de um período de tempo. Treinando seu corpo você pode mudar sua força, flexibilidade, resistência e energia – até mesmo aquela parte que chamamos de cérebro.
- O exercício coloca o cliente firmemente em controle do que acontece. Ele ou ela é aquele que “faz o trabalho”, o treinador guia, observa e motiva.
- O mesmo exercício pode ser usado por fisioterapeutas na reabilitação de um ferimento ou para deixar um indivíduo mais forte e flexível. Dado o equipamento, sistema e suporte, leigos e profissionais podem guiar o cérebro a resultados positivos.
- A mesma ressalva se aplica. Se você não tem tempo, organização ou motivação para aprender por si mesmo, inscreva-se em uma academia e trabalhe com um treinador. Você estará mais suscetível a produzir resultado desta maneira. Se sente-se confortável com computadores, motivado e organizado você talvez escolha comprar o equipamento e fazer o exercício por conta em sua casa.
O Modelo do Exercício Realmente se Encaixa?
Olhemos para o que de fato acontece quando treinamos o cérebro.
- O HEG mede a oxigenação sanguínea disponível para suprir períodos mais longos de níveis de ativação mais altos nos neurônios pré-frontais. Assim como exercícios aeróbicos estressam o coração e pulmões para direcionar sangue para eles, e depois de um tempo, mudam o sistema de suprimento, o HEG também o faz no centro executivo do cérebro.
- As medidas de EEG mostram muitos neurônios em áreas diferentes do cérebro que disparam em velocidades específicas (frequências) e quão bem eles se coordenam. Um cérebro travado em frequências baixas precisa construir um suporte metabólico – novamente como em exercícios aeróbicos. Um cérebro travado em frequências muito rápidas precisa aprender a ficar à toa, descansando quando não há trabalho a ser feito – assim como no Yoga, Tai Chi ou Pilates. Um cérebro incapaz de trabalhar duro ou por muito tempo precisa ganhar força como faríamos na musculação.
- As ferramentas do treinamento cerebral nos mostram padrões de energia e relacionamentos. Elas mostram ao cérebro quando está exercitando uma capacidade que precisa ser desenvolvida. A medida que ele se fortalece ou fica mais flexível, mais conectado ou mais capaz de produzir energia, usa estas habilidades todos os dias, então não precisa continuar treinando para sustentá-las.
Feedback do Exercício
Um medidor de freqüência cardíaca ajuda uma pessoa que faz exercício aeróbico a reconhecer quando está na zona de treinamento. Ela acelera ou diminui seus esforços para manter-se na zona alvo. O feedback reflete os impulsos elétricos cerebrais do mesmo modo. Fazendo Pilates, Yoga ou musculação na frente do espelho ajuda a deixar a pessoa mais ciente do que está fazendo e como. O feedback também torna o treinamento mais eficaz.
Por estes motivos, usarei o modelo do exercício e chamarei o processo de treinamento cerebral ao invés de “neurofeedback” ou “neuroterapia”. Seja você um profissional querendo melhores resultados com clientes, um pai desejando ajudar um filho a alcançar o nível de seu potencial ou alguém almejando aprimorar sua habilidade para alcançar estados de consciência de alta performance ou apenas torna-se mais positivo, com mais disposição e maior autocontrole, treinar seu cérebro baseado no entendimento do que ele já está fazendo pode produzir mudanças duradouras significativas que se movem na direção traçada por você.