Já pensou ter um pôster exposto no nosso próximo congresso? Muitos treinadores pensam que este é um sonho distante, mas queremos mostrar que é sim possível.
Para isso convidamos a nossa treinadora e doutoranda em neurociências, Flávia de Moraes. Ela vai dividir conosco conhecimentos sobre como escrever um estudo de caso.
Com isso, queremos incentivar os treinadores de neurofeedback da rede Brain-Trainer a submeter artigos para publicação em revistas científicas, fazer pôsteres para envio e apresentação no Congresso Brain-Trainer, bem como outros eventos relevantes da área de neurociências aplicadas.
O QUE É UM ESTUDO/RELATO DE CASO EM NEUROFEEDBACK?
Trata-se de um estudo descritivo curto da prática do neurofeedback, para mostrar observações relevantes do nosso contexto de atuação e compartilhar com os pares o resultado de intervenções realizadas com a ferramenta.
O intuito é mostrar a progressão desde o momento inicial do cliente atendido até o final das intervenções com o treinamento cerebral, bem como o que foi realizado no treinamento para obter aquele resultado.
PARA QUÊ ESCREVER UM ESTUDO DE CASO?
Compartilhar suas práticas em formato de relato de caso contribui com a comunidade científica, possibilitando avanços e aprendizado dos pares que também atuam com o neurofeedback.
Este tipo de estudo permite promover o neurofeedback, ferramenta de neuromodulação autorregulatória, construindo uma base mais sólida para ele no Brasil e difundindo o conhecimento sobre sua prática e eficácia, para que se torne mais consolidado e reconhecido pelas pessoas.
Além de contribuir para para construir sua própria autoridade como treinador, gerar confiança para seus clientes e para elevar aprendizagem de mais treinadores à partir da sua experiência.
Afinal é o constante aperfeiçoamento da prática pelo conhecimento que nos faz Brain-Trainers e reforça nosso valor de desenvolvimento por meio de um aprimoramento contínuo, de treinadores para treinadores.
DIRETRIZES/GUIDELINES
Cada tipo de estudo possui um guia, são as chamadas “guidelines“, as revistas se baseiam em check-lists estruturados com base nestas diretrizes para fazer a avaliação e aprovação dos artigos que são submetidos a elas para serem publicados.
O nosso Congresso não tem no momento uma revista científica, mas é legal saberem que existem determinadas diretrizes quando se escreve um artigo científico para publicação neste meio. Em outro texto podemos aprofundar um pouco mais neste assunto se vocês quiserem, bem como ensinar como entender a relevância de uma revista como base na sua classificação e como buscar artigos científicos para estudo e referência.
Então não deixe de comentar abaixo deste artigo se você tiver interesse em saber mais sobre isso, combinado?
ESTRUTURA DO ESTUDO DE CASO
Existem três principais tipos de estudos, são eles:
– Estudo exploratório: Para eventos pouco estudados ou até mesmo nunca pesquisados. O objetivo central desse modelo é explorar e compreender o fenômeno novo. Um bom exemplo de estudo exploratório seria uma pesquisa acadêmica com uma comunidade recém-descoberta em outro país.
– Estudo Descritivo: Descrever o mais ricamente possível como se deu o fenômeno, fazendo com que através dos detalhes descritos, o ponto de vista sobre o caso seja revelado. Essas pesquisas têm por relevância responder a questionamentos de “como” e “por que” ocorreu algo’.
– Estudo explicativo: Explicar os fatores que levam determinado fenômeno a acontecer. Se trata de uma pesquisa muito mais aprofundada, porque necessita explicar fatores reais e plausíveis que levam os resultados.
O QUE EU PRECISO ABORDAR E COMO ORGANIZAR AS INFORMAÇÕES?
Quando se fala de construção de artigos científicos precisamos abordar para comunicar os resultados das pesquisas de forma clara, concisa e fidedigna: Elementos pré-textuais (título, autores, resumo, palavras-chave), textuais (Introdução, desenvolvimento – métodos e resultados – e conclusão ) e pós-textuais (referências e agradecimentos).
Quando se trata de um artigo de estudo de caso, a estrutura é semelhante, o que se muda é a quantidade de informações dado o espaço disponível para apresentar em cada um dos formatos.
Título, Resumo, Introdução, Descrição do caso, Discussão, Conclusão e Referências.
Vamos falar um pouco mais de cada um deles?
TÍTULO
Quando alguém estiver caminhando pelo Congresso onde estiver exposto o seu trabalho a primeira coisa que vai ver é o título. E é também o primeiro contato do revisor que vai avaliar para a revista, ou de quem vai ler quando estiver publicado.
O título precisa fornecer todas as informações relevantes, cumprindo o objetivo de atrair a pessoa para ler mais. O ideal é ele fornecer uma perspectiva curta, porém completa, da proposta do estudo. Tanto para uma revista, quanto para um pôster.
Quando se tratar de um estudo de caso, como estamos abordando, finalize com: “Um estudo de caso”.
RESUMO
Tanto para revista quanto para submissão a um congresso é preciso mandar um resumo.
Estes resumos têm em torno de 200-250 palavras, as normas são conforme cada revista, mas não foge muito a isso. Quanto ao pôster os resumos geralmente vão para submissão, para serem aprovados. Eles não vão para o pôster. Eles estão ali, devem dar um breve resumo se algum lugar pedir. Estará ali nas normas e têm que ter entre 100-150 palavras.
A maioria dos congressos hoje em dia não pede para colocar no pôster o resumo. Há alguns que pedem, mas parte-se do princípio que no pôster não se coloca resumo.
O resumo é elaborado após o trabalho ser escrito e deve possibilitar compreender melhor o artigo, ou pôster, sem a leitura completa do mesmo. Para isso é preciso explicar sucintamente qual o objetivo do estudo, como foi feito e qual foi o resultado.
METODOLOGIA
Nesta parte do trabalho é descrito o tipo de pesquisa, amostra, instrumentação, técnica de coleta e procedimento de tratamento de dados.
INTRODUÇÃO
Na introdução é preciso situar quem lê o estudo sobre a literatura atual no que se refere ao tema. Então, se falando de introdução, sempre basearemos a construção em estudos, em referências.
As referências devem ser as mais atualizadas e relevantes quanto for possível. Em um artigo se coloca mais referências, em um pôster se considera no máximo 5 referências. Existe uma certa regra quanto a isso, muito bem aceita.
Uma boa introdução deve ter em torno de 1 a 2 parágrafos grandes quando falamos de uma revista e de 1 a 2 parágrafos pequenos para um pôster.
A introdução no estudo de caso envolverá certa queixa e haver uma descrição do caso feita a partir da anamnese.
Para isso podem ser utilizadas de 2 a 3 figuras, tabelas e/ou gráficos. É preciso se atentar que quando se trata de submissão para uma revista isso estas imagens devem ser enviadas em anexo e são eles quem vão fazer os ajustes de tamanho.
No pôster é preciso fazer os ajustes para ficar harmônico, vamos falar mais sobre isso.
No último parágrafo deve ser colocado o objetivo do estudo, isto é, a pergunta à qual o estudo se propõe responder.
Ex: “O objetivo do presente estudo foi de observar os efeitos do treinamento de neurofeedback com o protocolo xyz para a qualidade do sono e humor em um profissional que atuava em shift turn.”
Atenção aos cuidados éticos, não identifique nome ou iniciais do cliente, o sigilo é obrigatório pelo código de ética.
DISCUSSÃO
Essa parte é muito importante, é onde se identifica os pontos principais, compara-se os achados antes e depois e se dá resposta ao objetivo do estudo comparando com a literatura existente.
Acontece a hipótese esperada? Qual a relevância desse achado?
Se for possível, quantifique.
Um item solicitado sempre pelas revistas, e que é muito importante, é mostrar as limitações do estudo. Pode ser por falha em dar andamento, por exemplo – o cliente quebrou a sequência — coisas que atrapalharam que poderiam ser muito melhores. Pode ser por um estudo não conseguir contemplar todas as variáveis, pode ser por uma limitação quanto ao número de pessoas, de tempo. É muito importante isso ser listado.
No pôster não tem tanta necessidade, já que não é levado tanto em conta este aspecto.
CONCLUSÃO
A conclusão pode também estar no último parágrafo da discussão, ela deve responder de forma sucinta a questão inicial do trabalho, colocada no objetivo. E possibilita fornecer implicações do achado para a prática, a importância do resultado.
Lembre-se, esta parte deve constar brevemente, bem objetiva.
REFERÊNCIAS
No caso de revistas é preciso colocar uma quantidade de referências, ordenadamente ao que foi citado no texto para dar suporte às perguntas, métodos e discussão. No pôster devem ser utilizadas até 5 referências.
DICAS PARA PÔSTER
- O pôster deve estar evidente, você precisa conseguir ver ele em torno de 2 metros e o título a uma distância maior, de 3 metros. Já que são muitos pôsteres para ver, o tempo de “escanear” e ler seja em dois minutos. Este é um tempo aceitável e tolerável.
- O título deve estar em negrito, em maiúsculas, centralizado. Logo abaixo ficam o nome dos autores e da instituição, se aplicável. Esses dados devem estar em tamanho menor.
- O pôster deve ter informações bem básicas, pontuais e relevantes. Precisa ser muito objetivo
- O espaçamento entre linhas deve ser de 1,5. As fontes mais indicadas para utilizar são Tahoma, Arial e Verdana. Selecione uma delas e utilize apenas ela em todo o Pôster.
- O tamanho da fonte do título deve ser entre 80 e 90 e do corpo do texto 40. Deixe o texto em formato justificado e mantenha poucas cores, a evidência deve ser no conteúdo.
- Cite a fonte das figuras quando forem de terceiros e quando for sua também, escrevendo: “Acervo Próprio”.
- O plágio é cada vez mais facilmente detectável, cuidado esse não é uma boa ideia.
- Evite espaços vazios, organize visualmente o pôster. Se faltar espaço para colocar conteúdo, não reduza a letra, reduza o texto. A não ser nas referências, elas podem ter letras menores.
Preparamos um modelo para te ajudar na organização do estudo de caso para ser exposto no Congresso Brain-Trainer 2022.
Se você quer enviar o seu pôster, mas não pode participar do congresso, entre em contato conosco.
Você também pode ter acesso a este conteúdo em formato de vídeo, clicando aqui.
AUTORA:
Flávia de Moraes — Formada em enfermagem e psicologia, atua como psicóloga atualmente e desde 2017 incluiu o neurofeedback como uma ferramenta em seu trabalho. Flávia cursa doutorado em neurociências na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).